segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Aquele que suplantou - Capítulo I: Génese

Fevereiro de 2009, um dos ponto do ônibus 4113 (Bom Jesus), 22:30 hs.

Como sempre para aquela época, poucas pessoas no ponto, eu apoiado na parede, distante das pessoas, apenas esperando o ônibus para voltar para casa depois de mais um dia de trabalho e de escola. Quando vejo, com a inocência de quem simplesmente lança o olhar em outra direção por estar cansado do que está vendo, dobrando a esquina, um garoto qualquer... não me lembro como ele estava vestido, apenas lembro do rosto e da mochila. Dobrada a esquina, ele seguiu até o ponto e parou... e isso parou... continuei minha vida como se nada tivesse acontecido, quando chegou o ônibus, fui para entrar, como sempre deixo todos entrarem primeiro, ele entrou junto com as outras pessoas e eu fiquei até todos entrarem e em seguida entrei, fui pra casa, e tudo continuou do jeito que estava.

No dia seguinte, a história se repetiu quase do mesmo jeito, só que desta vez eu não vi ninguém dobrando a esquina,e sim o vi, o mesmo ser, sentado. Percebi ali que já havia visto aquela pessoa outras vezes naquele mesmo lugar, mas nunca antes nem sequer notado. Neste dia ele estava falando ao celular, como estava no dia seguinte... e no seguinte... e em alguns outros dias variados, pelo visto ele gostava de falar ao telefone.

A história se repetia quase sempre, quase todos os dias, eu ia para o ponto de ônibus, e minutos depois lá estava ele, o cara qualquer.

Passei alguns dias observando aquele ser, com nada de diferente, mas simplesmente meu olhar pedia pelo dele, o qual sempre era retribuído, mas eu nunca conseguira sustentar. Sim, ele era realmente bonito, e eu estava atraído por ele, mas pensei: “Ele é bonito demais pra mim!”. Após este pensamento não mais olhei, e alguns dias após isso, percebi que já não o via todos os dias, que ele já não mais estava lá com tanta freqüência. Nada de diferente acontecera, nada alterara minha rotina, nada mudara minha vida... por hora.

6 comentários:

  1. Nossa... queria eu escrever assim....adorei o post.... ja me peguei algumas vezes olhando e vigiando a vida daquelas pessoas que fazem parte todo dia da sua vida e nao damos a minima importancia para isso

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  2. kk, tu és um cronista mesmo, consegues tornar os momentos mais banais, em algo intrigante e gostoso de ser lido/ouvido

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  3. Num disse que vc escrevia mto bem...
    Cadê o Capitulo II??

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  4. E ai? Qual é a sensação de abrir seu diário ao público? Acho que jamais farei isso.. Pelo menos não enquanto vivo.

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  5. Isso não chega nem perto do que tem no meu diário...
    Mas aconselho a todos a fazerem um blog.

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